Algumas vezes precisamos nos ausentar para conseguirmos enxergar tudo aquilo que buscamos e principalmente, tudo aquilo que conquistamos.
Muitas coisas mudaram em nossas vidas nesses meses de ausência desse Blog.
Muito coisa mudou sem dúvida, mas mesmo diante de tantas mudanças, me permiti assumir o papel eterno de Kala (para os que não acompanham o desenho da Disney, é a mãe do Tarzan).
Há algum tempo eu disse para a uma grande amiga minha (que havia descoberto ser mais uma mãe de uma criança Autista), "que uma mãe ao receber a notícia de que o seu filho é diferente (alguns preferem o adjetivo de especial), ela passa por um período de luto". Ela tem que enterrar o filho perfeito que ela idealizou e a partir daí conceber esse seu novo filho, que nem sempre é perfeito aos olhos dos amigos, sociedade e familiares, mas que se torna o eixo central de nossas vidas.
Uma nova mulher nasceu quando eu engravidei a primeira vez aos 25 anos. Me senti a mulher mais poderosa, linda e maravilhosa da terra. Nasceu o Ramon Rodergas, esse homem sensível e forte, com personalidade marcante, que tanto tem pontuado positivamente em nossas vidas.
Ser mãe de um garoto que não deu nenhum trabalho, que se formou na Faculdade, e que consegue traçar sozinho seus próprios sonhos, e buscar caminhos para efetiva-los, é perfeito.
Depois outra mulher surgiu, quando eu engravidei aos 42 e tive minha pequena aos 43. Sophia Santini, nossa pequena, frágil, lutadora, cheia de garra. Se fez vitoriosa ao sair da UTI.
Se todas essas mulheres novas que surgiram não me bastasse, surgiu uma outra, muito diferente de todas, que se Chama Kala, e que foi a que lutou e buscou o melhor modo de fazer com que a Sophia deixasse de ser "especial" aos olhos dos outros, e se tornasse "especial" aos seus próprios olhos. Sophia não tinha completado dois anos quando recebi a notícia de que ela era diferente da garota que eu havia idealizado em meus mais ternos sonhos de ser mãe novamente, e mãe de uma linda princesa. Realmente ela me fez uma pessoa muito melhor do que eu era, e me transforma diariamente, dando luz, força e um amor inigualável em suas falas, atitudes e olhares.
Nem sempre conseguimos fazer com que os nossos filhos percebam quão especiais eles podem ser. Imaginem então como nós mães de crianças diferentes, temos que ser positivas, fortes e versáteis, para que não só o mundo os aceitem, os respeitem, mas que eles próprios possam se aceitar e se respeitarem.
Minha pequena, inicialmente diagnosticada como autista, aquela pequena que veio a falar aos cinco anos, e que aos sete (sim ela fará sete anos essa semana!) já tem uma visão impar da vida e das pessoas com que convive.
Passou a semana me perguntando "se eu estava bem" ou "se eu estava triste". Para nós, que sabemos o quanto foi árduo esse caminho até chegarmos a uma frase com mais de três palavras, nos sentimos hiper vitoriosas. Não há preocupações, dúvidas ou qualquer outro sentimento que acabamos não esquecendo em virtude dessas vitórias.
Tenho conversado tanto com várias mães no Facebook, que assim como eu, lutaram e lutão não só pelo tratamento dos filhos, mas principalmente pelo diagnóstico do mesmo. E o mais interessante, é que muitas vezes o diagnóstico não vem nunca.
Deixei de querer dar um nome a Síndrome da minha pequena, para apenas filtrar para ela um mundo mais justo, mais assertivo, mais coerente.
É muito difícil buscar escolas que também lutam pelos direitos deles. Eu dei sorte, e consegui achar uma que quer o melhor para a minha pequena, e não só passa-la de ano. Há um erro claro no termo "Inclusão" na Educação Brasileira. Mas aos poucos conseguimos divulgar isso, e exigir que todos possam refletir que esses pequenos existem e são em um número destacado em nossa sociedade.
O tratamento muitas vezes caro, e cansativo, mescla remédios, atividades, tratamentos longos e sentimentos de culpa. "Será que estou fazendo tudo o que posso? Será que esse é o caminho certo?'.
Entre tantas dúvidas, exaustos por tantas procuras, nada representa perante uma dor imensurável dessas famílias Gaúchas, pois ainda temos nossos filhos por perto, que ainda podemos beijar, abraçar, colocarmos para dormir.
Essa semana recebi um convite de uma editora da Revista Bebê da Editora Abril, para participar de uma coluna que se chama "Confessionario". Esse convite me fez ver que cada vez mais temos que dividir nossos sentimentos, tratamentos e tantas outras experiências que temos colecionado ao longo desses anos.
Percebi que esse "dividir de emoções" é mais importante do que nunca.
Mostrar que não estamos sozinhas, e que há muitas Kalas nesse nosso Brasil, e que compartilhar experiências, sentimentos, faz bem não só para quem lê, mas principalmente para quem escreve.
Assim vou seguindo, tentando retomar essa atividade que tinha, e buscando serenidade, transparência e força, para poder não só ajudar a nossa pequena, nossa família, mas tantas outras que assim como eu, tem tantas perguntas a serem respondidas.
Feliz pela minha pequena, e mais feliz ainda por saber que há muito o que fazer, e que nada estará estático esperando soluções. Nossa melhor saída é sempre buscar por uma.
Muitas coisas mudaram em nossas vidas nesses meses de ausência desse Blog.
Muito coisa mudou sem dúvida, mas mesmo diante de tantas mudanças, me permiti assumir o papel eterno de Kala (para os que não acompanham o desenho da Disney, é a mãe do Tarzan).
Há algum tempo eu disse para a uma grande amiga minha (que havia descoberto ser mais uma mãe de uma criança Autista), "que uma mãe ao receber a notícia de que o seu filho é diferente (alguns preferem o adjetivo de especial), ela passa por um período de luto". Ela tem que enterrar o filho perfeito que ela idealizou e a partir daí conceber esse seu novo filho, que nem sempre é perfeito aos olhos dos amigos, sociedade e familiares, mas que se torna o eixo central de nossas vidas.
Uma nova mulher nasceu quando eu engravidei a primeira vez aos 25 anos. Me senti a mulher mais poderosa, linda e maravilhosa da terra. Nasceu o Ramon Rodergas, esse homem sensível e forte, com personalidade marcante, que tanto tem pontuado positivamente em nossas vidas.
Ser mãe de um garoto que não deu nenhum trabalho, que se formou na Faculdade, e que consegue traçar sozinho seus próprios sonhos, e buscar caminhos para efetiva-los, é perfeito.
Depois outra mulher surgiu, quando eu engravidei aos 42 e tive minha pequena aos 43. Sophia Santini, nossa pequena, frágil, lutadora, cheia de garra. Se fez vitoriosa ao sair da UTI.
Se todas essas mulheres novas que surgiram não me bastasse, surgiu uma outra, muito diferente de todas, que se Chama Kala, e que foi a que lutou e buscou o melhor modo de fazer com que a Sophia deixasse de ser "especial" aos olhos dos outros, e se tornasse "especial" aos seus próprios olhos. Sophia não tinha completado dois anos quando recebi a notícia de que ela era diferente da garota que eu havia idealizado em meus mais ternos sonhos de ser mãe novamente, e mãe de uma linda princesa. Realmente ela me fez uma pessoa muito melhor do que eu era, e me transforma diariamente, dando luz, força e um amor inigualável em suas falas, atitudes e olhares.
Nem sempre conseguimos fazer com que os nossos filhos percebam quão especiais eles podem ser. Imaginem então como nós mães de crianças diferentes, temos que ser positivas, fortes e versáteis, para que não só o mundo os aceitem, os respeitem, mas que eles próprios possam se aceitar e se respeitarem.
Minha pequena, inicialmente diagnosticada como autista, aquela pequena que veio a falar aos cinco anos, e que aos sete (sim ela fará sete anos essa semana!) já tem uma visão impar da vida e das pessoas com que convive.
Passou a semana me perguntando "se eu estava bem" ou "se eu estava triste". Para nós, que sabemos o quanto foi árduo esse caminho até chegarmos a uma frase com mais de três palavras, nos sentimos hiper vitoriosas. Não há preocupações, dúvidas ou qualquer outro sentimento que acabamos não esquecendo em virtude dessas vitórias.
Tenho conversado tanto com várias mães no Facebook, que assim como eu, lutaram e lutão não só pelo tratamento dos filhos, mas principalmente pelo diagnóstico do mesmo. E o mais interessante, é que muitas vezes o diagnóstico não vem nunca.
Deixei de querer dar um nome a Síndrome da minha pequena, para apenas filtrar para ela um mundo mais justo, mais assertivo, mais coerente.
É muito difícil buscar escolas que também lutam pelos direitos deles. Eu dei sorte, e consegui achar uma que quer o melhor para a minha pequena, e não só passa-la de ano. Há um erro claro no termo "Inclusão" na Educação Brasileira. Mas aos poucos conseguimos divulgar isso, e exigir que todos possam refletir que esses pequenos existem e são em um número destacado em nossa sociedade.
O tratamento muitas vezes caro, e cansativo, mescla remédios, atividades, tratamentos longos e sentimentos de culpa. "Será que estou fazendo tudo o que posso? Será que esse é o caminho certo?'.
Entre tantas dúvidas, exaustos por tantas procuras, nada representa perante uma dor imensurável dessas famílias Gaúchas, pois ainda temos nossos filhos por perto, que ainda podemos beijar, abraçar, colocarmos para dormir.
Essa semana recebi um convite de uma editora da Revista Bebê da Editora Abril, para participar de uma coluna que se chama "Confessionario". Esse convite me fez ver que cada vez mais temos que dividir nossos sentimentos, tratamentos e tantas outras experiências que temos colecionado ao longo desses anos.
Percebi que esse "dividir de emoções" é mais importante do que nunca.
Mostrar que não estamos sozinhas, e que há muitas Kalas nesse nosso Brasil, e que compartilhar experiências, sentimentos, faz bem não só para quem lê, mas principalmente para quem escreve.
Assim vou seguindo, tentando retomar essa atividade que tinha, e buscando serenidade, transparência e força, para poder não só ajudar a nossa pequena, nossa família, mas tantas outras que assim como eu, tem tantas perguntas a serem respondidas.
Feliz pela minha pequena, e mais feliz ainda por saber que há muito o que fazer, e que nada estará estático esperando soluções. Nossa melhor saída é sempre buscar por uma.